Mais de 70 aviões e navios chineses cercam Taiwan

por Lusa
Pequim faz demonstração de força em torno de Taiwan Ritchie B. Tongo - EPA

Mais de 70 aviões e navios chineses estão dispostos em torno de Taiwan, informaram as autoridades de Taipé, no âmbito de um importante destacamento naval chinês no Pacífico, que Pequim ainda não anunciou.

Em comunicado, o ministério da Defesa Nacional de Taiwan afirmou que, nas últimas horas, foram detetados 53 aviões e 11 navios de guerra chineses nas proximidades do seu território, para além de oito outros "navios oficiais".

Estes números são ligeiramente superiores aos registados na véspera, quando Taipé tinha comunicado a presença de 47 aviões chineses, 12 navios militares e nove "navios oficiais" nas imediações da ilha.

Do total de aeronaves, incluindo caças e veículos aéreos não tripulados ("drones"), 23 cruzaram a linha média do Estreito de Taiwan e entraram nas regiões norte, sudoeste e leste da autoproclamada Zona de Identificação de Defesa Aérea (ADIZ, na sigla em inglês) de Taiwan, que circunda completamente a ilha principal de Taiwan, de acordo com um mapa fornecido pelo ministério.

Nos últimos dias, Pequim tem estado completamente silenciosa face ao que Taipé descreve como uma formidável demonstração de poder militar, com vários navios da marinha e da guarda costeira chinesas a navegar numa área de aproximadamente mil quilómetros, que se estende de Xangai (leste) à província de Fujian (sudeste), no continente chinês.

Nas duas últimas manobras militares em torno de Taiwan, que tiveram lugar a 23-24 de maio e a 14 de outubro, Pequim anunciou publicamente o início e o fim dos exercícios, mas neste caso o silêncio foi absoluto, limitando-se a declarar sete zonas aéreas reservadas em frente às províncias de Zhejiang (leste) e Fujian.

Segundo Taipé, as forças chinesas criaram duas "muralhas" navais no oceano: uma a leste da ADIZ de Taiwan e outra no interior do Pacífico Ocidental, com o objetivo de reafirmar a soberania chinesa sobre o Estreito de Taiwan e intimidar os países da região.

"Em comparação com exercícios militares anteriores, a escala deste exercício é diferente em muitos aspetos (...) A China não está apenas a conduzir operações em torno de Taiwan, mas está também a tentar isolar a região, estendendo as suas forças militares para o exterior", disse o vice-diretor dos serviços secretos do ministério da Defesa, Hsieh Jih-sheng, em conferência de imprensa.

O destacamento naval surge poucos dias depois de o presidente de Taiwan, William Lai Ching-te, ter concluído uma digressão pelo Pacífico Sul com visitas aos três aliados de Taiwan na região - as Ilhas Marshall, Tuvalu e Palau - e escalas nos territórios norte-americanos do Havai e Guam, o que irritou a China.

Taiwan instou Pequim, já esta quarta-feira, a "parar imediatamente" com as "intimidações militares e todos os comportamentos irracionais que põem em perigo a paz e a estabilidade regionais", face a um grande destacamento naval chinês no Pacífico.

Ma Ying-jeou vai à China

Entretanto sabe-se que o antigo presidente taiwanês Ma Ying-jeou, do partido da oposição Kuomintang (KMT), vai visitar a China entre 18 e 26 de dezembro, informou o Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Governo chinês.

A porta-voz da agência, Zhu Fenglian, disse que Ma vai liderar uma delegação de jovens taiwaneses numa visita às províncias de Heilongjiang, no nordeste da China, e Sichuan, no centro, de acordo com o jornal local The Paper.

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